Gripes, comunicações<br>e outras poucas-vergonhas...

Jorge Messias
À medida que o tempo passa e os actos eleitorais se aproximam, o panorama real da sociedade onde vivemos vai-se aclarando e surge com maior nitidez aos olhos do nosso povo. Sucedem-se os escândalos, chocam-se os interesses privados os interesses de classe, fervilham o palavreado e as intrigas. A nível do poder reina a mais vergonhosa imoralidade política. Promete-se tudo e das promessas feitas apenas se cumpre o que interessa à defesa dos interesses dos mais ricos. A Justiça dá de si mesma uma pobre imagem e a Constituição da República, para os poderosos, é um papelucho que se calca a pés juntos.
No entanto, as coisas não vão de feição para os senhores do poder. Pareceu, a certa altura, ser inevitável a consolidação da tirania do dinheiro. A direita mais reaccionária tinha tudo nas mãos. E a própria eventualidade do desabar do sistema capitalista vir a produzir o caos, tolhia a passagem à acção do descontentamento popular. Este panorama, porém, vai mudando rapidamente. Os actos do governo e as meias-tintas dos falsos «socialistas» vieram, por paradoxo, mostrar ao povo como é urgente mudar. As próximas eleições estão aí à porta e cresce a consciência do peso de cada voto. É certo que o futuro do nosso povo será necessariamente difícil. Mas não mudar, agora, significará morrer.

Uma batalha a travar e a vencer

As políticas de Sócrates têm visado sempre os mesmos objectivos, procurado sempre as mesmas alianças e usado, sempre, as mesmas estratégias. Ao Estado incumbe servir os ricos, seus amigos naturais, os banqueiros, a reacção e a Igreja, e tudo deve ser feito para ocultar o sentido real das políticas e para revestir de «esquerda» e de «piedade solidária» as decisões governamentais que conduzem à miséria do povo e à ruína do país. Os trabalhadores devem ser amordaçados pelo medo e pelas promessas ilusórias. Medo do desemprego, medo do patrão, medo da crise, até mesmo medo de propagar a imprecisa e tão mal contada história da «gripe A»! Tudo é bom para Sócrates e para os seus banqueiros se contribuir para amedrontar o povo, retirar-lhe iniciativa e o mantiver quieto, amarrado a medos e temores. Depois, as estatísticas «amigas» retocam o país real, branqueiam os números do desemprego e das falência, minimizam os lucros dos grandes grupos financeiros e sublimam todos os actos do Governo, mesmo os mais corriqueiros, como é o caso dos famigerados Computadores Magalhães. Discretamente, o clero dá uma mão amiga aos governantes e recorda aos portugueses as virtudes cristãs do perdão e da reconciliação.
«É preciso que isto aconteça» - dizem os senhores do dinheiro - «mas... não chega!». Importa tornar ainda mais espesso o tradicional défice de informação do povo português. Então, os capitalistas planeiam negócios gigantescos, como aquele que, a concretizar-se, criaria um só monopólio dos conteúdos da TV, da TSF e de toda a imprensa escrita. Os ricos seriam senhores do universo. Os pobres teriam aquilo que merecem : apenas ilusões. E a aliança triunfante do cifrão, da cruz e da tirania ganharia uma embalagem tal que nada, no futuro, a poderia fazer recuar.
Nada disto é ficção, bem pelo contrário, há planos nesse sentido, já em fase de concretização. Envolve a banca mundial, os banqueiros da alta finança e as esmagadoras fortunas do Vaticano. Se o projecto for em frente dominará de uma só penada a comunicação social e a informática em Portugal, nos países lusófonos e nos estados europeus onde maiorias católicas dominam. É preciso banalizar a mentira.
É a hora de mudar. A hora de sacudirmos o jugo dos nossos ombros. Não foi para isto que derrotámos o fascismo no 25 de Abril. Partamos para as próximas eleições «com as armas que temos nas mãos» e que são poderosas. Barremos o caminho do regresso à censura e ao fascismo. Recusemos, pelo voto consciente, o retorno aos tenebrosos tempos da Santa Inquisição.
Pode concluir-se que afinal, no meio de tudo isto, Sócrates não tem grande importância. É um homem de mão de mais altos poderes, dos fundos soberanos.
Vamos despedi-lo... Que faça as malas e não volte mais!


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